A ética do lobo Revista Melhor Gestão de Pessoas
Eugênio Mussak
O filme Dança com lobos, lançado em 1990, conta a saga do herói da guerra civil John Dumbar, e tem um pouco de Avatar e Pocahontas, pois mostra um homem “civilizado” encantando-se com uma cultura “primitiva”, até que aparecem os soldados e a tragédia ganha forma. Desconsiderando o excesso de hollywoodianismo, o filme, que foi a estreia do Kevin Costner como diretor, conta uma bela história.
Gosto especialmente da parte em que Dumbar vive isolado por um tempo e acaba estabelecendo uma relação com um lobo, urinando para marcar território, respeitando o animal e sendo respeitado por ele. O soldado começa, então, a dar-se conta de que os lobos têm uma espécie de ética, que rege o comportamento na matilha e a relação com a natureza.
Consta, por exemplo, que quando dois lobos disputam a liderança de uma matilha partem para o confronto físico até que um deles, sentindo-se derrotado, deita de costas para o chão, dando a vitória ao outro. O outro deve interromper o ataque deixando o vencido em paz, pois a intenção não é ferir ou matar o oponente, e sim vencê-lo na disputa pelo poder. Uma vez derrotado o outro, não há por que continuar a luta.
Mas – veja só -, se o lobo vencedor continuar a atacar e machucar o vencido, ele simplesmente será rechaçado pelos demais, podendo até ser atacado pela matilha que pretendia liderar, pois se espera que ele tenha compaixão pelo vencido. Ao não fazê-lo estaria dando uma demonstração de “fraqueza de caráter”, e o líder não pode ser fraco em nenhum aspecto. Para ser realmente considerado poderoso, tem de mostrar respeito pelo vencido.
Agora voltemos ao mundo corporativo. Entre os humanos, demonstrações de caráter às vezes não são cobradas dos líderes, basta que eles entreguem resultados para a empresa. Se os números estiverem bons é porque a liderança está funcionando, pois líder que é líder entrega resultados, dizem por aí. Esse raciocínio não está errado, pois mesmo os liderados se sentem bem quando os resultados são bons, mas, cuidado. É necessário entender que “resultado” é diferente de “resultado a qualquer custo”, pois este não garante o “resultado sustentável”. E isso acontece porque a matilha, mais cedo ou mais tarde, vai se amotinar e negar a autoridade do tal líder-sem-caráter. E aí os resultados vão começar a minguar, mesmo que os uivos sejam cada vez mais altos e ferozes.
Líderes de verdade carregam consigo um certo espírito de nobreza, capaz de angariar o respeito até dos adversários. E assim vão construindo a tal sustentabilidade nos negócios. Se não for assim, vamos acabar dando plena razão ao Thomas Hobbes, que disse que, neste mundo, estamos todos contra todos, e que o verdadeiro lobo do homem é o próprio homem. Não precisa ser assim e, por ironia, podemos aprender com o próprio lobo.
Eugênio Mussak
O filme Dança com lobos, lançado em 1990, conta a saga do herói da guerra civil John Dumbar, e tem um pouco de Avatar e Pocahontas, pois mostra um homem “civilizado” encantando-se com uma cultura “primitiva”, até que aparecem os soldados e a tragédia ganha forma. Desconsiderando o excesso de hollywoodianismo, o filme, que foi a estreia do Kevin Costner como diretor, conta uma bela história.
Gosto especialmente da parte em que Dumbar vive isolado por um tempo e acaba estabelecendo uma relação com um lobo, urinando para marcar território, respeitando o animal e sendo respeitado por ele. O soldado começa, então, a dar-se conta de que os lobos têm uma espécie de ética, que rege o comportamento na matilha e a relação com a natureza.
Consta, por exemplo, que quando dois lobos disputam a liderança de uma matilha partem para o confronto físico até que um deles, sentindo-se derrotado, deita de costas para o chão, dando a vitória ao outro. O outro deve interromper o ataque deixando o vencido em paz, pois a intenção não é ferir ou matar o oponente, e sim vencê-lo na disputa pelo poder. Uma vez derrotado o outro, não há por que continuar a luta.
Mas – veja só -, se o lobo vencedor continuar a atacar e machucar o vencido, ele simplesmente será rechaçado pelos demais, podendo até ser atacado pela matilha que pretendia liderar, pois se espera que ele tenha compaixão pelo vencido. Ao não fazê-lo estaria dando uma demonstração de “fraqueza de caráter”, e o líder não pode ser fraco em nenhum aspecto. Para ser realmente considerado poderoso, tem de mostrar respeito pelo vencido.
Agora voltemos ao mundo corporativo. Entre os humanos, demonstrações de caráter às vezes não são cobradas dos líderes, basta que eles entreguem resultados para a empresa. Se os números estiverem bons é porque a liderança está funcionando, pois líder que é líder entrega resultados, dizem por aí. Esse raciocínio não está errado, pois mesmo os liderados se sentem bem quando os resultados são bons, mas, cuidado. É necessário entender que “resultado” é diferente de “resultado a qualquer custo”, pois este não garante o “resultado sustentável”. E isso acontece porque a matilha, mais cedo ou mais tarde, vai se amotinar e negar a autoridade do tal líder-sem-caráter. E aí os resultados vão começar a minguar, mesmo que os uivos sejam cada vez mais altos e ferozes.
Líderes de verdade carregam consigo um certo espírito de nobreza, capaz de angariar o respeito até dos adversários. E assim vão construindo a tal sustentabilidade nos negócios. Se não for assim, vamos acabar dando plena razão ao Thomas Hobbes, que disse que, neste mundo, estamos todos contra todos, e que o verdadeiro lobo do homem é o próprio homem. Não precisa ser assim e, por ironia, podemos aprender com o próprio lobo.
Fonte:Texto retirado da revista Melhor Gestão de Pessoas
http://www.revistamelhor.com.br
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